Controle de Contaminação
Classificação de contagem de partículas
Com a evolução da mecânica e da metalurgia os sistemas hidráulicos ficaram mais precisos e mais sensíveis e a presença de partículas contaminantes sólidas no fluido pode causar desgaste nos componentes, travamento de válvulas, entre outros. O nível de contaminação no fluido hidráulico tem influência direta sobre o desempenho e a confiabilidade do sistema e é necessário controlar as partículas contaminantes sólidas a níveis considerados apropriados para o sistema em questão.
Há muitos anos, organizações como NFPA, ASTM, SAE, ISO e NAS, entre outras, têm estabelecido critérios para determinar o nível de contaminação dos fluidos. Atualmente, as normas internacionais mais aceitas são a ISO 4406 e a NAS 1638.
Neste artigo vamos explicar como fazer a classificação de partículas conforme normas NAS 1638, SAE 4509 e ISO 4406.
NAS 1638
A norma NAS 1638 (National Aerospace Standard) foi criada na década de 1960 para ajudar a controlar a contaminação em fluidos hidráulicos e se tornou a norma de referência em muitos segmentos industriais. O método utilizado na época da elaboração da norma era a contagem de partículas por microscopia óptica. Com a entrada no mercado dos aparelhos automáticos o método de microscopia deixou de ser utilizado e a NAS 1638 foi descontinuada em 2001 e substituída pela SAE AS4059. No entanto, ainda há muitas empresas que ainda utilizam esta norma até hoje.
A NAS 1638 divide a contaminação por partículas em cinco faixas e 14 classes conforme Tabela 1 abaixo.
CLASSIFICAÇÃO DE LIMPEZA NAS 1638 | |||||
---|---|---|---|---|---|
Limites de contaminação máxima, por 100 mL | |||||
Classes | Faixa de tamanhos de partículas (µm) | ||||
>5 a 15 µm | >15 a 25 µm | >25 a 50 µm | >50 a 100 µm | >100 µm | |
00 | 125 | 22 | 4 | 1 | 0 |
0 | 250 | 44 | 8 | 2 | 0 |
1 | 500 | 89 | 16 | 3 | 1 |
2 | 1.000 | 178 | 32 | 6 | 1 |
3 | 2.000 | 356 | 63 | 11 | 2 |
4 | 4.000 | 712 | 126 | 22 | 4 |
5 | 8.000 | 1.425 | 253 | 45 | 8 |
6 | 16.000 | 2.850 | 506 | 90 | 16 |
7 | 32.000 | 5.700 | 1.012 | 180 | 32 |
8 | 64.000 | 11.400 | 2.025 | 360 | 64 |
9 | 128.000 | 22.800 | 4.050 | 720 | 128 |
10 | 256.000 | 45.600 | 8.100 | 1.440 | 256 |
11 | 512.000 | 91.200 | 16.200 | 2.880 | 512 |
12 | 1.024.000 | 182.400 | 32.400 | 5.760 | 1.024 |
A limitação da norma está na maneira como a classificação de partículas é reportada. O resultado é expresso com somente um número da classe, que representa a faixa de tamanhos onde foi encontrada a maior quantidade de partículas. Dessa forma não é possível identificar a qual tamanho de partículas se refere a classe. No exemplo abaixo é mostrado como é feita a classificação de limpeza. Lembrando que a análise é feita em relação a 100 mL de fluido.
Exemplo de aplicação da tabela:
Faixa de tamanhos de partículas | |||||
---|---|---|---|---|---|
>5 a 15µm | >15 a 25µm | >25 a 50µm | >50 a 100µm | >100µm | |
Contagem de partículas por 100 mL | 230.000 | 35.600 | 3.050 | 250 | 8 |
Nível de contaminação | Código de contaminação NAS 1638: 10/10/9/9/5 | ||||
Classificação de contaminação NAS 1638 | NAS 10 |
Conforme classificação de limpeza mostrada no exemplo acima o valor de NAS reportado será 10, que é o maior valor encontrado durante a análise. Nota-se que somente com esse valor não é possível ter conhecimento da distribuição e nem da quantidade de partículas na amostra de fluido. Em função dessa limitação muitos segmentos industriais migraram para a classificação de partículas conforme a norma ISO 4406.
ISO 4406
A ISO 4406 é similar a NAS 1638 somente no que se refere ao uso de números de classes para reportar os resultados da análise. As principais diferenças entre as normas são as seguintes:
Característica | NAS 1638 | ISO 4406 |
---|---|---|
Método analítico | microscopia óptica | contador automático de partículas ou microscopia eletrônica |
Método de medição | maior dimensão | área |
Volume de amostra | 100mL | 1 mL |
Situação | obsoleta | ativa: última atualização 2021 |
Muitas empresas e técnicos tentam estabalecer uma correlação entre as duas normas, mas com base no quadro acima é possível perceber que é difícil fazer qualquer aproximação de resultados. Portanto, o melhor a fazer é executar a análise dentro da norma que se deseja obter os resultados. Inlcusive, equipamentos modernos reportam os resultados nas três normas apresentadas aqui.
A norma ISO 4406 determina que a contagem de partículas seja feita de forma cumulativa a partir de partículas ≥ 4µm, ≥6µm e ≥14µm e que a quantidade de partículas encontrada seja convertida para o número de classe correspondente. Sendo assim, a contagem de partículas pela norma ISO 4406 será expressa, na grande maioria das vezes, dessa forma a/b/c, onde;
- a = número da classe referente ao total de partículas ≥ 4µm,
- b = número da classe referente ao total de partículas ≥ 6µm,
- c = número da classe referente ao total de partículas ≥ 14µm,
Outras variações que podem ocorrer são as seguintes:
- */19/14 – significa que esta amostra tem muitas partículas ≥ 4µm para contar;
- - /19/14 – significa que não havia necessidade de contar partículas ≥ 4µm
A Tabela 2 abaixo mostra os códigos de classificação de partículas ISO 4406.
Número de partículas por mL de amostra | Número da escala | |
---|---|---|
Mais que | Até e incluindo | |
2.500.000 | >28 | |
1.300.000 | 2.500.000 | 28 |
640.000 | 1.300.000 | 27 |
320.000 | 640.000 | 26 |
160.000 | 320.000 | 25 |
80.000 | 160.000 | 24 |
40.000 | 80.000 | 23 |
20.000 | 40.000 | 22 |
10.000 | 20.000 | 21 |
5.000 | 10.000 | 20 |
2.500 | 5.000 | 19 |
1.300 | 2.500 | 18 |
640 | 1.300 | 17 |
320 | 640 | 16 |
160 | 320 | 15 |
80 | 160 | 14 |
40 | 80 | 13 |
20 | 40 | 12 |
10 | 20 | 11 |
5 | 10 | 10 |
2,5 | 5 | 9 |
1,3 | 2,5 | 8 |
0,64 | 1,3 | 7 |
0,32 | 0,64 | 6 |
0,16 | 0,32 | 5 |
0,08 | 0,16 | 4 |
0,04 | 0,08 | 3 |
0,02 | 0,04 | 2 |
0,01 | 0,02 | 1 |
0,00 | 0,01 | 0 |
Exemplo de aplicação da tabela:
Faixa de Tamanho | ≥4µm | ≥6µm | ≥14µm |
---|---|---|---|
Contagem de partículas por mL | 18.500 | 1.728 | 230 |
Número da escala de contaminação | Está entre 10.000 e 20.000 = 21 | Está entre 1.300 e 2.500 = 18 | Está entre 160 e 320 = 15 |
Código da contaminação | 21/18/15 |
Conforme demonstrado acima o resultado a ser reportado será 21/18/15, que correspondem aos números da escala da Tabela ISO 4406 para as quantidades cumulativas de partículas nos tamanhos ≥4µm, ≥6µm e ≥14µm respectivamente.
SAE AS4059
A norma SAE AS4059 veio para substituir a norma NAS 1638, já obsoleta e ela contempla o uso de contadores automáticos de partículas, microscopia eletrônica e microscopia óptica. Além disso houve uma mudança nas tabelas para incluir os três métodos analíticos.
Nível de contaminação | (1) | 5, incl a 15 incl µm | 15, excl a 25 incl µm | 25, excl a 50 incl µm | 50, excl a 100 incl µm | 100 µm |
---|---|---|---|---|---|---|
(2) | 6, incl a 14 incl µm | 14, excl a 21 incl µm | 21, excl a 38 incl µm | 38, excl a 70 incl µm | >70 µm | |
00 | 125 | 22 | 4 | 1 | 0 | |
0 | 250 | 44 | 8 | 2 | 0 | |
1 | 500 | 89 | 16 | 3 | 1 | |
2 | 1.000 | 178 | 32 | 6 | 1 | |
3 | 2.000 | 356 | 63 | 11 | 2 | |
4 | 4.000 | 712 | 126 | 22 | 4 | |
5 | 8.000 | 1.425 | 253 | 45 | 8 | |
6 | 16.000 | 2.850 | 506 | 90 | 16 | |
7 | 32.000 | 5.700 | 1.012 | 180 | 32 | |
8 | 64.000 | 11.400 | 2.025 | 360 | 64 | |
9 | 128.000 | 22.800 | 4.050 | 720 | 128 | |
10 | 256.000 | 45.600 | 8.100 | 1.440 | 256 | |
11 | 512.000 | 91.200 | 16.200 | 2.880 | 512 | |
12 | 1.024.000 | 182.400 | 32.400 | 5.760 | 1.024 | |
(1) Faixa de tamanho, contagem de partículas por microscópio, baseado na maior dimensão como medido através da AS598 ou ISO 4407. | ||||||
(2) Faixa de tamanho, CPA calibrado pela ISO 11171 ou por um microscópio eletrônico óptico com software de análise de imagens, baseado na área projetada de diâmetro equivalente. | ||||||
(3) Classes de contaminação e limites de partículas são idênticos à NAS 1638. |
A Tabela 3 acima é utilizada por aqueles que querem continuar usando as classes NAS 1638 e deseja manter os métodos, formato e resultados equivalentes aos especificados na Tabela 1. A classe de contaminação reportada com AS4059 é igual ao nível de contaminação mais alto determinado entre todas as faixas de partículas.
Exemplo de aplicação da Tabela 3:
Faixa de Tamanho de partículas | 5, incl a 15 incl µm | 15, excl a 25 incl µm | 25, excl a 50 incl µm | 50, excl a 100 incl µm | >100 µm |
Contagem de partículas por 100 mL | 114.000 | 9.200 | 3.920 | 172 | 52 |
Nível de contaminação | 9 | 8 | 9 | 7 | 8 |
Código de contaminação | Código de contaminação AS4059 [9/8/9/7/8] | ||||
Classe de contaminação AS40589 | AS4059 9 |
A Tabela 4 abaixo é para aqueles que utilizavam as revisões anteriores da AS4059 ou método cumulativo de contagem, como a ISO 4406. Um nível de contaminação deve ser determinado para cada faixa de tamanho de partículas. A lista combinada de níveis de contaminação pode ser reportada como um código de contaminação. Sendo assim, a classe de contaminação reportada como AS4059 é igual ao nível de contaminação mais alto determinado entre todas as faixas de partículas. Quando este método for utilizado o resultado reportado deve vir precedido de ‘cpc’ (cumulative particle counts).
Nível de contaminação | (1) | >1 µm | >5 µm | >15 µm | >25 µm | >50 µm | >100 µm |
---|---|---|---|---|---|---|---|
(2) | >4µm (c) | >6µm (c) | >14µm (c) | >21µm (c) | >38µm (c) | >70µm (c) | |
000 | 195 | 76 | 14 | 3 | 1 | 0 | |
00 | 390 | 152 | 27 | 5 | 1 | 0 | |
0 | 780 | 304 | 54 | 10 | 2 | 0 | |
1 | 1.560 | 609 | 109 | 20 | 4 | 1 | |
2 | 3.120 | 1.217 | 217 | 39 | 7 | 1 | |
3 | 6.250 | 2.432 | 432 | 76 | 13 | 2 | |
4 | 12.500 | 4.864 | 864 | 152 | 26 | 4 | |
5 | 25.000 | 9.731 | 1.731 | 306 | 53 | 8 | |
6 | 50.000 | 19.462 | 3.462 | 612 | 106 | 16 | |
7 | 100.000 | 38.924 | 6.924 | 1.224 | 212 | 32 | |
8 | 200.000 | 77.849 | 13.849 | 2.449 | 424 | 64 | |
9 | 400.000 | 155.698 | 27.698 | 4.898 | 848 | 128 | |
10 | 800.000 | 311.396 | 55.396 | 9.796 | 1.696 | 256 | |
11 | 1.600.000 | 622.792 | 110.792 | 19.592 | 3.392 | 512 | |
12 | 3.200.000 | 1.245.584 | 221.584 | 39.184 | 6.784 | 1.024 | |
(1) Faixa de tamanho, contagem de partículas por microscópio, baseado na maior dimensão como medido através da AS598 ou ISO 4407. | |||||||
(2) Faixa de tamanho, CPA calibrado pela ISO 11171 ou por um microscópio eletrônico óptico com software de análise de imagens, baseado na área projetada de diâmetro equivalente. |
Exemplo de aplicação da Tabela 4:
Faixa de Tamanho de partículas | >4µm (c) | >6µm (c) | >14µm (c) | >21µm (c) | >38µm (c) | >70µm (c) |
Contagem de partículas por 100 mL | 382.000 | 127.000 | 13.300 | 4.140 | 224 | 52 |
Nível de contaminação | 9 | 9 | 8 | 9 | 8 | 8 |
Código de contaminação | Código de contaminação AS4059 cpc[9/9/8/9/8/8] | |||||
Classe de contaminação AS40589 | AS4059 cpc 9 |
Qual utilizar?
Quem geralmente define qual norma utilizar é o fabricante do equipamento, baseado no segmento que ele está inserido. Na falta desta informação, o melhor é verificar qual norma outras empresas do mesmo segmento que possuem equipamentos similares estão utilizando.
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2022-01-25 13:01:21
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