Quando a viscosidade do óleo de motor fica abaixo de um determinado valor, os laboratórios de análises de óleo efetuam um teste para verificação da contaminação por combustível. Os testes mais comuns são ponto de fulgor e cromatografia gasosa. Alguns equipamentos de ponto de fulgor permitem que você crie uma curva de calibração com padrões de contaminação por combustível e, a partir daí, pelo ponto de fulgor da amostra, quantifica-se a concentração de combustível no óleo. A cromatografia gasosa é uma técnica mais aperfeiçoada e você também obtém a concentração de combustível através de uma curva de calibração feita com a somatória das áreas dos picos do combustível e a partir dela quantifica a contaminação. Os padrões podem ser feitos internamente ou adquiridos no mercado.

A abordagem deste artigo será sobre o procedimento para definição das frações de combustível utilizada na manufatura dos padrões.

Recentemente lí um artigo que fazia uma atualização sobre esse a contaminação do óleo de motor por combustíveis. Alguns testes mostraram que os veículos, conduzidos em trechos curtos, possuíam níveis de diluição que podiam chegar a 20%. No entanto, estes mesmos veículos, conduzidos por longos trechos, em que era possível o motor trabalhar devidamente aquecido, a contaminação por combustível caia para níveis em torno de 1-3%. A conclusão foi que em trechos curtos não havia tempo do motor esquentar e, consequentemente, não havia tempo das frações mais leves do combustível evaporarem. O oposto acontecia em trechos longos, o motor chegava na sua temperatura de trabalho, e havia queda do volume de combustível no óleo em função evaporação das frações mais leves do combustível. O trabalho ressalta também que a porcentagem de combustível no óleo pode variar em função de modo de operação, clima (inverno, verão) e projeto de motor.

Assumindo que a maioria das amostras de óleos de motor em um laboratório são de equipamentos com motores a diesel, e que esses equipamentos trabalham por várias horas contínuas, podemos dizer que, na maioria dos casos, as frações mais leves do óleo diesel evaporaram.

Pelo exposto acima, dá para perceber que é difícil determinar qual fração de óleo diesel será utilizada para confecção dos padrões. Por exemplo, se utilizar o óleo diesel integral, sem evaporação de fração ocorrerá o seguinte: a) no equipamento de ponto de fulgor as temperaturas de ponto de fulgor serão muito baixas na curva de calibração e, provavelmente, todas as amostras darão negativo para contaminação, pois o ponto de fulgor serão mais altos, b) no equipamento de cromatografia gasosa, haverá grande concentração de picos na área analisada e, provavelmente, todas as amostras analisadas darão concentração de diluição muito baixa.

A solução é aceitar que a evaporação existe e adotar um critério que possa atender a maioria das amostras. No laboratório da Chevron Brasil, em São Caetano do Sul, adotávamos o critério de evaporação de 50% do diesel. Era consenso que este era o melhor procedimento, justamente por ser quase impossível prever o quanto de combustível evaporou e as chances de acerto eram de 50% para cada amostra. Cada porcentagem de fração evaporada para mais ou para menos, diminuem as chances de acerto.