Opinião
O futuro da análise de basicidade total
A análise de basicidade total, popularmente conhecida pelo seu acrônimo TBN, é um teste realizado em óleos lubrificantes para motores a combustão para medir a reserva alcalina do óleo. Essa reserva alcalina é resultado do aditivo detergente que é adicionado aos óleos para manter as superfícies limpas. Ele também exerce um outro papel importante no óleo que é o de reagir com compostos oriundos da queima do combustível que passam pelos anéis e entram no bloco do motor. Esses compostos, contendo enxofre, nitrogênio e oxigênio são altamente reativos e podem formar outros compostos ácidos ou desencadear reações de oxidação. As moléculas do aditivo reagem com esses compostos, formando produtos menos reativos. Os compostos contendo enxofre são os mais reativos.
Uma matéria publicada na revista LubeDigital (edição junho/2020), escrita por Rick Becker, traz um novo questionamento sobre a análise de TBN. A matéria intitulada "quão baixo podemos ir com os valores de TBN?" debate sobre os atuais valores de TBN ao redor do mundo, a redução dos teores de enxofre e testes de motores feitos em rua.
No caso do Brasil, as OEMs tiveram que fazer alterações nos motores e nos catalisadores para poder se enquadrar dentro das exigências de emissões de gases e materiais particulados. Em outra ponta, as refinarias de petróleo diminuiram gradativamente o teor de enxofre no óleo diesel e atualmente são comercializados dois tipos de diesel: BS10 e BS500, com teor máximo de 10ppm e 500ppm, respectivamente. Para fins de comparação , há 20 anos atrás os teores máximos de enxofre no diesel comercial eram de 2000ppm e 3500ppm.
Como vimos, o teor de enxofre no diesel diminuiram significativamente, mas os lubrificantes continuam com os mesmos valores de TBN de vinte anos atrás. Daí podemos constatar que a quantidade de aditivo detergente é muito maior que o necessário para neutralizar a formação de compostos ácidos. Rick Becker ressalta que "o excesso de TBN não acresnta nada ao óleo, a não ser custo e formação de cinzas".
Voltando ao título deste texto fica a pergunta: se a quantidade de aditivo detergente no óleo é mais que o suficiente para neutralizar as reações químicas formadoras de ácidos, porque continuamos a fazer a análise de TBN como rotina para óleos usados? Se os motores modernos trabalham em condições mais severas, porque não substituir o TBN pela análise de TAN (acidez total)?
Esse é o desafio para os laboratórios de análises de óleos usados. Seguir a cartilha que já está em uso desde a década de 60 ou modernizar o escopo de análise para atender às necessidades de mercado?
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